Quando falamos de cabelos e hairstylists o nome de Helena Vaz Pereira destaca-se como uma referência nacional. Nos bastidores da moda, no seu salão ou entre amigos, Helena é sempre igual, genuína e honesta. Quisemos saber o que a embaixadora da L’Oréal Profissionnel tem para nos dizer sobre as questões ambientais no seu universo.
Por: Sandra Dias
Em todas as estações existe a curiosidade em se saber quais são os cortes e tipos de coloração do momento. Mas nos últimos tempos verificamos que o natural é uma tendência constante. Concorda?
Concordo perfeitamente. O natural tem a ver com a atitude de cada um. Não existe uma corrente de tendências que marque, ou melhor, há uma corrente, mas o que interessa mais é a forma como cada um a demonstra. Como lhe apetece demonstrar essas tendências. O que evolui para aquilo que cada um é (individualidade). Para o que cada um sente ou o que lhe apetece representar em vez de seguir as tendências com a quais não se identifique de todo.
Há poucos anos a modelo Maria Borges e outras modelos negras optaram por cortar o cabelo e dispensar os tratamentos químicos sobre os cabelos. O que achou desta atitude, na altura?
Achei que foi super importante e maravilhoso. Temos sempre a tendência de contrariar a nossa natureza. Queremos sempre aquilo que não temos, o que é um erro, quer dizer, faz parte do ser humano, não quer dizer que seja um erro.
Queremos sempre o oposto do que temos, o que a outra pessoa tem é o que desejaríamos ter. Mas a natureza é correta em pensar naquilo que é melhor para cada um. E no caso da Maria Borges ter optado pelo seu cabelo natural, foi incrível. Ela demonstrou e marcou uma nova moda e a partir daí começámos a ver várias manequins e meninas negras a assumirem os seus cabelos naturais, que são lindos de morrer e que lhes fica super bem.
E depois vieram os caracóis naturais. Não havia desfile ou publicação de moda que não escolhesse modelos com lindas cabeleiras encaracoladas. Na GriffeHairstyle as “ondas naturais” ainda são um dos penteados mais pedidos?
Continua a ser um dos looks preferidos pois conseguimos dar naturalidade e movimento de uma forma atual. Sempre gostei de respeitar a naturalidade e no salão procuramos respeitar a natureza de cada tipo de cabelo e melhora-lo.
As nossas escolhas direcionam-se para um estilo de vida mais natural. Comemos biológico e optamos (aos poucos) por uma moda mais sustentável. Será que em relação à beleza também existe esta preocupação com a origem e a composição dos produtos que compramos?
Sim, cada vez mais existe essa preocupação que é uma evolução natural. Ainda é um nicho mas cada vez mais há essa preocupação. Tanto a nível dos ingredientes como dos produtos que procuram. A L’Oréal lançou nesse sentido a Botanéa e o Source Essentielle. A Botanéa é uma linha de coloração cem por cento vegana e biológica e o Source Essentielle é uma linha de tratamento de shampoos também biológica.
sistema de recargas permite-nos poupar o equivalente a um frasco por cada nove recargas.
O conceito está pouco divulgado?
É um pouco por aí. As clientes procuram e levam mas depois quando é para voltar… Ainda acham que é uma moda, começam a ouvir falar e a despertar para esta sensibilidade mas depois na prática não o fazem. Compram e depois no momento de trazerem os fracos para os reutilizar voltam a comprar um frasco novo ao invés de trazerem a embalagem que têm em casa.
Em relação aos shampoos da Source Essentielle, a marca desenvolveu um conceito amigo do ambiente, os consumidores podem recarregar a embalagem aí no salão. Como está a ser a adesão a esta nova forma de se comprar shampoo?
Existe essa preocupação mas ainda há um caminho a percorrer. Eu sinto que as pessoas compram, aderem, ficam muito contentes com o conceito mas depois não há continuidade.
Qual é a faixa etária que mais adere a este tipo de produtos?
As mais novas, sem dúvida. São as que já vivem com essa consciência e preocupam-se com as questões éticas e ambientais. Porque esta forma de pensar tem que começar lá atrás, enquanto crianças, A nova geração, a geração Millennium, já tem essa consciência mas as anteriores ainda não. É um longo caminho que tem que ser feito.
Pode apresentar cada uma destas gamas, a Source Essentielle e a Botanéa?
A Source Essentielle é uma gama de tratamento de shampoos vegana com até cem por cento de ingredientes naturais como a calêndula, a lavanda, o jasmim, a immortelle e as folhas de acácia. Tem quatro linhas para diferentes necessidades dos cabelos: normais, secos, com coloração e couro cabeludo sensível. Esta gama também foi pensada com uma abordagem sustentável, que possibilita recarregar os frascos de shampoo nos salões.
O seu formato, quadrado, permite poupar espaço no armazenamento e no seu transporte, contribuindo para a redução da pegada de carbono, nessa fase. Por sua vez, a Coloração Botanea é feita à base de três plantas, a cassia, o índigo e a henna. É a primeira coloração cem porcento vegetal e biológica da L’Oréal Professionnel.
Esta coloração deve-se ao trabalho e aos inúmeros testes que as suas equipas de investigação tiveram durante vários anos para conseguirem obter os melhores resultados de cor. Enquanto aposta na sustentabilidade, o grupo L’Oréal apoia, ao mesmo tempo, as comunidades locais na Índia, onde as mulheres têm um papel importante na colheita das folhas destas três plantas.
Também na linha de coloração Botanéa existe essa preocupação em reduzir a utilização do plástico. Como funciona?
As embalagens foram pensadas de forma a reduzir o impacto ambiental. São frascos de plástico PET até 50% reciclado e as recargas, que recebemos no salão são em saquetas de papel certificado pela Forest Stewardship Council, proveniente de florestas geridas de forma sustentável. Este sistema de recargas permite-nos poupar o equivalente a um frasco por cada nove recargas.
Deve ter os seus produtos favoritos na linha Source Essentielle. Pode dizer-me quais são e porquê?
O óleo que é a base de óleo de coco , que é maravilhoso, porque hidrata o cabelo, dá brilho e o cheiro é incrível. Não dá peso ao cabelo, basta uma pequena quantidade e fica incrível. Tem a vantagem de se poder usar diariamente e directamente no cabelo, assim como se pode misturar à coloração, ou à máscara. Isso é óptimo porque está sempre a nutrir-lo e é maravilhoso. Este é, sem dúvida, um dos meus preferidos!
Em relação à coloração Botanéa, recomenda mais rapidamente a uma loira ou a uma morena? Porquê?
É boa para os dois casos. A uma loira dá imenso brilho e reflexos. Neste tipo de coloração tal como na coloração tradicional, a quantidade de cabelos brancos é importante para determinar o resultado. E também para as morenas, porque ficam com reflexos muito intensos e um brilho incrível.
Enquanto embaixadora da L’Oréal Profissionnel já se envolveu em alguma campanha de sensibilização pelo ambiente ou de responsabilidade social? Qual e quando foi?
Como embaixadora, ainda não mas a titulo pessoal aqui no salão já o fizemos. No ano passado colaboramos numa campanha com a L’Oréal. Foi uma iniciativa para o reflorestamento das nossas florestas.
Foi uma iniciativa para o reflorestamento das nossas florestas. Através de um valor das encomendas, era retirado um valor x para se plantar uma árvore. Isto aconteceu depois dos incêndios de 2017, e nós aderimos porque achámos importante o grupo L’Oréal ter essa consciência, e contribuímos. Conseguimos plantar algumas árvores, o povo português é solidário. Eu gosto de me envolver nestas ações.
Acredito que tem que haver regras, tem que haver vontade de as cumprir e não as transgredir.
Naturalmente, preocupa-se com o impacto negativo que as industrias da moda e da beleza têm sobre o planeta Terra. Consegue indicar um primeiro passo para diminuirmos esse impacto?
Preocupo-me com o impacto negativo que as industrias da moda e da beleza têm sobre o planeta Terra. Na perspectiva dos salões de cabeleireiro existem algumas medidas básicas que são possíveis estipular. Na Griffe, considero importante aumentar o tempo de duração das luvas que usamos e usar luvas de materiais reciclados.
O que até há uns tempos atrás não o fazíamos. Temos essa preocupação e lutamos por isso. As luvas são reutilizáveis, tentamos usa-las por muito mais vezes ao invés de as descartar à primeira utilização. Em relação às pratas do alumínio, para as madeixas e para as nuances, também estamos a tentar reduzi-las.
Estou a ver juntamente com a L’Oréal como diminuir o nosso impacto negativo. Reciclamos todo o nosso lixo mas o cabelo (resultante dos cortes) é um problema. O cabelo, apesar de origem natural, não se decompõe, e não existem locais específicos para o depositar. Infelizmente vai para o lixo normal, e é esse passo que eu gostaria de ver feito.
Há umas décadas o buraco na camada de ozono era uma das maiores preocupações ambientais. Felizmente, conseguiu travar-se com medidas implementadas pelo Protocolo de Montreal, em 1987, e atualmente o buraco está a fechar-se. Acredita que se devam estabelecer ainda mais regras ambientais?
Acredito que tem que haver regras, tem que haver vontade de as cumprir e não as transgredir. Na nossa industria é complicado porque trabalhamos muito com a parte química, que é muito importante. Isto no fundo é tudo química.
Nós como profissionais temos que procurar trabalhar com as marcas que tenham essa preocupação e que invistam na procura de alternativas. E a L’Oréal é o grupo que mais tem essa preocupação. Saliento que tem que haver essa preocupação mas também são precisos resultados nos quais se pode confiar e que possam garantir a fidelidade do nosso trabalho.
Não se pode correr o risco da experimentação, não se pode, na nossa industria, voltar a ter produtos que não se sabe que resultado é que vão dar a nível de cor, ou a nível de tratamento. E a L’Oréal está nesse caminho, comprometida com o ambiente e com os bons resultados dos seus produtos. Que eu confio.
Porque há muitas marcas no mercado que são naturais, que têm essa preocupação ambiental mas os resultados são imprevisíveis, o que não dá para trabalhar. Tenho clientes exigentes e que que querem um resultado especifico, volto a dizer, trabalhamos com química, tem que se estudar mais e seguir esse caminho.
Inovação e natureza completam-se, ou não?
É um bom compromisso. Uma sem a outra… eu não acredito que vamos voltar às origens e vamos deixar a tecnologia de parte, estamos no século XXI e por isso é que eu acho que o caminho é esse. Uma não sobrevive sem a outra.
O que é para si a beleza natural?
É a essência, é tirar o melhor partido do que a natureza nos dá e aceitar e respeitar. Respeitar a individualidade e a diferença. Respeitar a liberdade de cada um.
Qual é o seu motto?
Ser feliz e respeitar o próximo.