PRIDE e os pilares da comunidade LGBTQIA+

Por Sandra Dias

Durante o mês de Junho – através do PRIDE – celebramos, relembramos e honramos todas as conquistas, lutas e vitórias da comunidade LGBTQIA+.

Por Valdemar Creador, aka Valley Dation

“Esbarrei com a sustentabilidade” é uma série de artigos dedicada às experiências pessoais em torno da sustentabilidade, aberto a todos que queiram partilhar as suas histórias.

Valley Dation | Photo: António Medeiros
Valley Dation | Photo: António Medeiros

Validamos a existência das minorias da sociedade e aos poucos ganhamos espaço e palco. Eu sou Drag Queen! O nome artístico? Valley Dation (Validação). Permitam-me que vos conte como nasceu a Valley. Sou uma pessoa com várias paixões e inclinações artísticas e sempre me debati com a ideia de que tinha que ESCOLHER APENAS UMA COISA. Como nos é imposto pela sociedade. E assim, esbarrei com a sustentabilidade da minha própria existência no Mundo. Sim, é dramático.

Crises existenciais e profissionais à parte, sempre tive vários trabalhos, vendedor em aeroportos e em lojas de luxo, maquilhador e stylist. Mas por serem tão diferentes, havia alguém que sempre me questionava “Tu afinal és o quê?” – essa era a pergunta que mais me atormentava. E que eu precisava de responder para reclamar a minha sustentabilidade enquanto pessoa.

No mês dedicado à minha comunidade, revejo o meu percurso e aproveito para também apresentar melhor o meu (e de tantos outros) Universo. Que começou por ser de uma tímida minoria. Foram essas mesmas minorias que lutaram por muitos dos direitos básicos e humanos que hoje temos. Numa sociedade extremamente binária, heteronormativa e patriarcal. Convém relembrarmos que foram, sobretudo, ELAS a dar a cara pelos nossos direitos. Mulheres e Homens Transgénero, Drag Queens, Lésbicas, Bissexuais, Gays, Pessoas Não-Binárias/Queer, e todxs aquelxs que andam pelo espectro das variadas cores do arco-íris.

Valley Dation | Photo: Marta Cabral
Valley Dation | Photo: Marta Cabral
Valley Dation | Photo: Marta Cabral
Valley Dation | Photo: Marta Cabral

Quero destacar as Drag Queens. Elas sempre estiveram lá, junto às Mulheres Trans, numa espécie de aliança contra a desigualdade e o preconceito de que eram (e são) vítimas. D.R.A.G., abreviatura de Dressed Resembling A Girl, nasceu nos tempos em que as mulheres eram proibidas de representar em peças de teatro. O seu conceito mais cru, baseava-se num Homem que vestia roupas e acessórios “de mulher”. Hoje, este conceito é muito mais inclusivo, mais aberto. Qualquer pessoa pode fazer Drag, visto que esta arte baseia-se na criação de uma personagem com intuitos performativos e/ou qualquer outra forma de entretenimento.

“Mas tu afinal és o quê?”

Ora bem, a minha personagem nasceu como uma espécie de revolta a essa pressão social. DRAG é Maquilhagem e Cabelos, Conceito, Styling, Performance/Representação e Comédia. Todas as minhas paixões, juntas numa só. Assentam-me que nem uma luva. A Valley Dation é também uma forma de validar, lá está, o meu lado Feminino. Já não o reprimo, já não sinto vergonha do que usavam para me humilhar: a minha feminilidade. Dou-lhe corpo, vida e atenção. É o meu outlet criativo, a forma de me expressar no Mundo.

Somos tão mais do que as nossas profissões. Somos tão mais do que os nossos trabalhos, as nossas fardas, e a forma como os outros nos vêm. Somos mais do que uma versão de nós mesmxs. Somos várias e nenhuma, ao mesmo tempo. DRAG é isto. É brincar com papéis de género, identidade, profissões e designações impostas pela sociedade.

Valley Dation | Photo: Sara Pinheiro
Valley Dation | Photo: Sara Pinheiro
Valley Dation | Photo: Sara Pinheiro
Valley Dation | Photo: Sara Pinheiro

Rupaul, uma das Drag Queens mais famosas do planeta, uma vez disse: “Nascemos nús, e tudo o resto é DRAG!” Com a popularização do seu programa de competição para Drag Queens – Rupaul’s Drag Race – o estigma tido pela sociedade em relação a estas e estes artistas, tem diminuído à medida que é também mainstreamed. O programa mostra-nos quem são os artistas que dão corpo e alma às suas personagens, mostra-nos que são pessoas como nós, e não aquela visão distorcida e pejorativa que a sociedade tem destas “criaturas da noite”.

Todxs temos uma história, uma família, uma casa e um emprego. A vida é muito menos séria do que pensamos. Eu, pessoalmente, nunca deixei de ser um rapaz que brinca às Barbies. A única diferença é que agora a Barbie sou eu! Por isso brinquemos, brindemos e celebremos a nossa unicidade. Orgulha-te de cada faceta tua. Sê tu mesmo/a, não há ninguém como tu.
Be PROUD!

Valley Dation | Photo: Sara Pinheiro
Valley Dation | Photo: Sara Pinheiro

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