Video killed the radio star?

Por Sandra Dias

O vídeo e o áudio encurtam o distanciamento social e conectam-nos com as pessoas. Espelham a realidade e humanizam a tecnologia que marcará a nova década.

Por Sandra Dias

As previsões da última década apontavam para o crescimento dos conteúdos de vídeo nas redes sociais. O YouTube reforçou as suas políticas e segurança. Os artigos 15 e 17 da atual diretiva para a lei dos direitos de autor na era digital aprovados pelo Parlamento Europeu aguardam a aprovação final do Conselho e poderão ser implementados nos próximos anos.

Enquanto se fazem essas alterações, nos últimos três anos a estrela que mais brilhou foi a voz: podcasts, manifestações e ativismo falaram mais alto. A radio star afinal só esteve abafada. Os conteúdos áudio ganharam relevância pela força das palavras e ninguém se importava com a total ausência da imagem.

Os podcasts sobre política, ciência ou tecnologia tornam-se populares e certificados pelo reconhecimento profissional dos seus intervenientes. As manifestações como a Women’s March, em 2017, e posteriormente a Fridays For Future despoletaram valores transversais e globais, destituídos de qualquer embelezamento estético. A mensagem sobrepôs-se à imagem.

Redes Sociais On e Off

Mas o panorama atual de crise pandémica pelo covid-19 coloca esta tendência em pausa. Ainda que os podcasts continuem no topo das escolhas dos novos médias, ou que os direitos das mulheres, da mudança social transformativa e a luta contra as alterações climáticas sejam importantes, com o evoluir da pandemia esta voz assume um tom mais baixo.

Estamos fechados em casa, não nos juntamos em protestos e parámos com os nossos hábitos de consumo, afetando todos os sectores da economia. Esta pausa também está a ter implicações muito grandes na nossa saúde mental. Privados das nossas redes sociais offline (família, trabalho e amigos) voltamo-nos para as redes sociais digitais.

Ainda assim, estas não são o suficiente. Queremos comunicar diretamente com o nosso interlocutor. Queremos conversar em tempo real, observar as reações faciais dos outros. Ouvir e ler não bastam. Precisamos do ver em movimento e do ver em direto. O vídeo, através da videoconferência, é a melhor solução para preencher este distanciamento social e para continuar a trabalhar, ainda que a partir de casa.

Privados da proximidade e do contacto com as outras pessoas, ganhamos distanciamento para refletir e entender o paradigma saúde/economia. E rapidamente esbarramos com a nossa própria sustentabilidade. Estará também o Homem em vias de extinção? Possivelmente depois desta crise irá surgir um novo Homem.

O Planeta ganha tempo para se regenerar e sobrepõe-se às Pessoas e à Economia (Profits). A crise forçou-nos a parar tudo o que é secundário para a nossa sobrevivência. Repensar as velhas estruturas, algumas obsoletas, faz parte do processo de evolução enquanto seres humanos.

Realidades Cruzadas: Ver e Ouvir

O vídeo como ferramenta tecnológica mantém-nos ligados às nossas redes sociais, agora num estado híbrido entre as redes offline e as digitais. Neste período, a inovação tecnológica – prevista como uma das macro tendências – cresce ainda mais rapidamente e tende a humanizar os processos.

A realidade virtual, a realidade aumentada e a nossa realidade física, misturam-se e aceleram a tendência do cross reality. Onde também existe espaço para a radio star, cheia de valores e propósitos. A Natureza impõe a sua força e trava as Pessoas e a Economia. Responsáveis por alterar os seus ciclos e de desequilibrar a biodiversidade tão importantes para estabelecer o equilíbrio do Planeta.

Na futura realidade humana, o digital e o físico completam-se e possibilitam-nos agir melhor. Provavelmente estamos já a viver o inicio de uma revolução sociotecnológica que poderá estar na base de um mundo melhor. Tudo isto porque lutamos pela nossa sustentabilidade, física, mental e económica.

Será que vamos saber aproveitar esta pausa forçada pela crise do coronavírus para nos regenerarmos? Reiniciar os bons projetos que já estavam em andamento, ganhar coragem para deixar cair mentalidades e procedimentos viciados pelo tempo e pela preguiça de fazer de novo?

Este é o ultimo ano da segunda década do século XXI. Em 2021 começa uma nova década e vamos, possivelmente, poder restaurar a economia, a sociedade e cuidar da natureza para o tão desejado equilíbrio. A próxima década pode marcar o momento em que olhamos para a Terra e começamos a vê-la e a ouvi-la verdadeiramente.

Algum comentário, pergunta ou feedback? Envie as suas sugestões para hello@terramotto.com Vamos gostar de ler o que tem para nos dizer. Stay safe!

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