Moda minimalista e sustentável traduz-se por Majatu. Studio

Por Sandra Dias

A estética minimalista ganha forma e sentido na Majatu. Studio. A marca de moda ultra premium sustentável da dupla minhota, Sara Peixoto e Jorge Ribeiro.

Por Sandra Dias

São jovens, bonitos, sonhadores e preocupam-se com o planeta. Podia ser o descritivo de duas personagens fictícias mas a Sara e o Jorge são reais. Os seus caminhos voltaram a cruzar-se e assim deu-se o início do que pode vir a ser uma história de moda premium sustentável muito bem sucedida, chamada Majatu. Studio.

A Majatu. Studio surgiu em 2020 durante e por causa da pandemia. Fundada pelos dois amigos de infância que o tempo separou e voltou a juntar em 2017. Foi no Chile, em Santiago, que se deu o seu reencontro. A partir daí, Sara e Jorge começaram a trocar cada vez mais ideias. A juntar similaridades apesar dos diferentes percursos individuais.

Jorge Ribeiro estava a terminar o seu mestrado em arquitetura ciente de que precisava explorar outras áreas. Sara Peixoto deixou Amesterdão porque terminou a sua colaboração na equipa de marketing da Tommy Hilfiger, por causa da pandemia. E juntos apostaram durante a pandemia num sonho comum, a moda premium sustentável.

A dupla vianense partilha o entusiasmo, o sonho de fazer acontecer e de contribuir para uma moda mais consciente que enfatiza a beleza e o saber-fazer local. As suas coleções surgem em pequenas quantidades e são apresentadas fora do calendário convencional das semanas de moda. A Majatu. Studio espelha uma estética minimalista transversal às roupas de homem, senhora e unissexo onde o luxo e a slow-fashion sobressaem.

No início de abril lançaram a coleção cápsula Expressão – a primeira drop de cinco. Para a semana vamos conhecer a segunda drop e a promessa de que as três seguintes drops vão ter peças cada vez mais sofisticadas, dentro da sua linguagem artística e intemporal. Esta forma de apresentar a Majatu.Studio sublinha a narrativa que Sara e Jorge querem construir: coerente no ritmo e na execução dos processos de produção. Privilegiando a qualidade, o intemporal e a sustentabilidade da marca, que quer crescer e internacionalizar-se.

A dupla captou o nosso interesse pela sua abordagem enérgica e pela estética cuidada que os dois personificam tão bem na sua conta de instagram. Em entrevista Sara e Jorge contam-nos como tudo começou e aonde querem chegar com a marca.

Esta entrevista foi realizada por email.

Jorge Ribeiro e Sara Peixoto | Fundadores da Majatu.Studio
Jorge Ribeiro e Sara Peixoto | Fundadores da Majatu.Studio

Porquê lançar uma marca de moda em plena pandemia? Como está a ser esta experiência?
Tendo em conta que fui dispensada do meu trabalho em Amesterdão e o Jorge estava a terminar o seu mestrado em Arquitetura, pensamos que não haveria melhor altura para tornar este problema em algo positivo. Claro que o facto de estarmos numa pandemia dificultou todo o processo. Desde o processo de negociação – uma vez que não podíamos marcar reuniões presenciais – à produção das peças, pelo facto de muitas fábricas terem fechado durante um determinado período de tempo. No entanto, quando fazemos as coisas com amor e dedicação, consegue-se ultrapassar esse tipo de obstáculos.

Esta experiência tem sido muito enriquecedora. Fazer algo de raiz não é nada fácil. Mas todo o percurso de aprendizagens a que somos sujeitos, fazem-nos olhar para a vida profissional com outra perspetiva. Como me diz muitas vezes o meu pai, não há melhor curso que o curso da vida, que a própria experiência. Isso não conseguiríamos adquirir se não nos tivéssemos lançado aos leões e posto em prática aquilo que temos em mente.

O que distingue a Majatu. Studio das outras marcas de moda?
A maior motivação deste projecto, é criar uma marca de moda multifacetada, que procura beber de várias referências artísticas sem nunca perder a identidade. A Majatu. Studio procura ser muito mais do que uma marca de roupa, tem como visão a criação de parcerias distintas que permitam tornar os seus produtos mais exclusivos. Além de que ambiciona também ter um contributo social.

Porque decidiram não seguir o calendário tradicional de apresentações das coleções, O/I e P/V. ?
Enquanto marca, o nosso verdadeiro propósito é relembrar as pessoas que menos é mais. E que investir em peças de qualidade representa um passo consciencioso. A Majatu. Studio apoia-se no conceito de “slow-fashion”, criando peças duradouras e intemporais, contrariando assim a mentalidade da moda tradicional que impõe uma sazonalidade e várias tendências.

Majatu. Studio | #Drop 1 - Expressão
Majatu. Studio | #Drop 1 - Expressão
Majatu. Studio | #Drop 1 - Expressão
Majatu. Studio | #Drop 1 - Expressão

No início de Abril, lançaram a cápsula #drop1 de 5, o que motivou esta decisão? Podem explicar melhor este conceito?
Enquanto consumidores que somos, sabemos que gerar curiosidade e desejo por qualquer produto é fundamental. Não queríamos expor tudo de uma vez, queríamos criar uma estratégia que nos permitisse proporcionar a quem nos segue a constante novidade.

As restantes #drops já estão desenvolvidas ou vão fazendo acertos, consoante a resposta dos clientes?
Todas as drops estão desenvolvidas na sua totalidade. Até porque acreditamos que à medida que vamos lançando as diferentes drops, o nível de sofisticação das peças que vamos apresentar também será maior.

Contudo, existem sempre os continuados, quais são?  Clássicos ou básicos, qual destas duas palavras define melhor estas peças? 
A nossa primeira coleção estará sempre disponível para compra no nosso website. É muito importante para nós, enquanto marca, que as pessoas percebam que a maioria das nossas peças podem ser usadas em qualquer altura do ano e por muitos anos, daí o conceito de intemporalidade que tanto nos define.

Além disso, incluímos muitas dessas peças na nossa nova campanha para facilitar esta compreensão. Isto será algo que faremos sempre. Assim, será seguro dizer que as nossas peças são “Wardrobe Staples”, uma vez que procuramos fundir os conceitos de clássico e básico, de forma a entregar um resultado prático mas que ao mesmo tempo prima pela sofisticação e qualidade.

Começaram há cerca de um ano e falam na internacionalização da marca para breve. Mas se vendem online, isso não a torna já por si internacional?
Claro que uma vez que vendemos online, qualquer pessoa em qualquer parte do mundo pode chegar a nós, mas a grande dificuldade é conseguir clientes de fora de Portugal. Que acreditem no que estamos a fazer e possam, a certa altura, tornar-se clientes habituais. Isto não é algo que se consegue da noite para o dia, e por isso é que este processo de internacionalização representa um grande passo para nós.

Majatu. Studio | #Drop1 - Expressão
Majatu. Studio | #Drop1 - Expressão
Majatu. Studio | #Drop 2
Majatu. Studio | #Drop 2

Faz sentido falarmos de Glocal quando falamos da Majatu. Studio? Porquê?
Faz sentido, porque enquanto marca utilizamos o melhor que se faz localmente, desde a extrema qualidade da indústria têxtil nortenha que juntamente com o nosso ADN minhoto aliada às plataformas digitais permite-nos uma maior visibilidade mundial.

De tudo o que a marca representa qual é o factor mais importante? Ou seja, sem o qual a Majatu. Studio perderia a sua essência.
A marca é uma extensão da nossa identidade e daquilo que nós acreditamos que é a moda, daquilo que é belo e autêntico. É uma extensão das nossas personalidades…

Querem estender a parte criativa a colaborações com profissionais de diferentes áreas como a escultura, pintura, design, fotografia. Podem dizer-nos quais seriam os vossos eleitos, independentemente de ser fácil, ou não, de o conseguirem.
É uma pergunta difícil porque de facto são muitas as pessoas com quem gostávamos muito de colaborar. Mas ficam alguns nomes de diferentes áreas que admiramos e que resultariam bem naquilo que procuramos para a identidade da nossa marca: The Blaze, Jacob Banks, Vhils, Aires Mateus, Tadao Ando, Geoff Mcfetridge, Axel Vervoordt, Christiane Spangsberg, Edith Beurskens, Denholm… e tantos outros.

Qual é o vosso motto para uma moda mais sustentável? 
Consumo consciente é ser sustentável e essa é a nova tendência de moda. É contribuir para um planeta melhor. Nós enquanto marca queremos fazer parte dessa jornada!

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